Atualizações da nova norma de citações (2023)

Depois de uma longa espera, finalmente foi publicada a nova norma de citações. A versão anterior da ABNT NBR 10520 era de 2002, e portanto, já estava bastante obsoleta.

A nova versão é mais extensa, ou seja, a norma foi expandida. Isso é bem importante porque a versão anterior continha apenas 7 páginas e por conta disso haviam vários gaps.

Nesse post eu trouxe as principais alterações, que considero mais importante de vocês saberem nesse momento, e se quiserem posso ir aprofundando os detalhes em novos textos, pois não vai caber tudo aqui.

O fim da caixa alta

Uma das maiores mudanças é que agora não se usa mais caixa alta para indicar as fontes no interior de parênteses. A padronização prevê apenas a inicial maiúscula.

Versão de 2002: (SILVA, 1993)

Versão de 2023: (Silva, 1993)

A inclusão do et al.

Quem me segue há mais tempo no Instagram do Jornada Acadêmica já me viu falando várias vezes que havia uma discrepância entre normas em relação ao et al., pois ele aparecia na de referências, mas não na de citações.

Agora foi incluída uma regra especificamente para isso, dizendo que ele pode ser usado na citação mesmo que na referência constem todos os autores (caso de obras com quatro ou mais autores).

Citações diretas com página ou localização

Outra mudança que vai facilitar a vida de muita gente e é uma atualização bastante esperada, é em relação ao número de página nas citações diretas, ou seja, onde há cópia literal. A versão anterior era bastante rígida em relação a isso, o que dificultava quando a fonte vinha de algum site.

A nova versão da norma fala para acrescentar o número da página ou localização, se houver, após a data. Ou seja, temos duas mudanças aqui:

1) Não precisa ser apenas o número de página parar identificar a localização do trecho citado. Pode ser, por exemplo, a localização do Kindle, a minutagem de um filme, o artigo da lei, etc.

2) Para documentos não paginados, a norma especifica que convém que seja indicada a localização do trecho citado. No entanto, esse convém não indica obrigatoriedade. Ou seja, se tiver como identificar de onde você tirou a citação, faça! É recomendado que quanto mais específico, melhor. Mas se não tiver como, vida que segue.

Expansão do sistema numérico

Esse formato de fazer citações era tão curto dentro da versão anterior da norma (tinha somente 6 linhas de explicação), que pouca gente conhecia e quem conhecia tinha muita dificuldade de usar. Era um gap enorme.

Na nova versão ele foi expandido, foram acrescentados mais exemplos e também resolvida a questão da indicação de número de página.

Não confunda esse sistema com aquele formato de fazer a citação em nota de rodapé, ok? São coisas diferentes.

A volta dos itálicos

Aqui outra coisa que eu sempre apontava, apesar de muita gente fazer diferente: a versão de 2002 da norma de citação não previa o uso de itálicos para as expressões latinas, o que inclui o apud, o ibid, e por aí vai.

Na nova versão, publicada essa semana, isso foi padronizado. Agora vai tudo em itálico, inclusive o et al., que finalmente vai ficar no mesmo padrão que já era usado na norma de referências.

Recuo das citações diretas longas

As citações diretas longas, ou seja, quando a cópia do trecho possui mais de três linhas, precisam de um recuo em relação a margem esquerda.

Na versão anterior da norma havia a obrigação do tamanho desse recuo ser de 4cm.

Na versão atualizada, isso passou a ser uma recomendação, não uma obrigação.

Na prática, significa que a ABNT mantém a indicação de tamanho, porém abre precedente para que essa diagramação seja feita com tamanhos variados se for necessário.

A versão publicada essa semana já está valendo?

Sim, esta nova versão cancela automaticamente a anterior. Porém, do ponto de vista das universidades e periódicos, ainda pode levar um tempo até que adaptem seus manuais de estilos e normativas internas, pedindo as mudanças que essa atualização trouxe. Vale ficar atento: na dúvida, faça o que a sua instituição pedir!

Aprenda a aplicar as normas da ABNT nos seus trabalhos acadêmicos de uma forma simples e didática, com linguagem acessível e exemplos da vida real. Entre para a lista de espera do curso online ABNT Descomplicada, clique aqui ➝

Perguntas e respostas sobre citação traduzida

Uma citação traduzida é quando você utiliza o conteúdo de um documento que está em outro idioma que não seja o português.

De acordo com a ABNT, quando fazemos isso de forma direta, ou seja, uma cópia literal, precisamos sinalizar que fomos nós que transformamos esse conteúdo.

Este post traz perguntas e respostas sobre o assunto. Se ainda te restar alguma dúvida, coloque nos comentários que eu ajudo!

Em que casos preciso informar que a citação foi traduzida?

Apenas quando for citação direta, ou seja, cópia literal.

Isso independe se for a citação com até 3 linhas inserida no meio do texto, ou se for a citação com mais de 3 linhas que pede o recuo de 4cm da margem esquerda.

Se fiz paráfrase ou escrevi com as minhas próprias palavras, preciso informar que a informação veio de outro idioma?

Nesse caso não. Citações indiretas não precisam dessa sinalização de tradução.

Como faço corretamente a sinalização de tradução?

Você precisa colocar a informação tradução nossa após o número na página, como nos exemplos abaixo:

Becker (1999, p. 2, tradução nossa) ou (BECKER, 1999, p. 2, tradução nossa).

Preciso colocar o trecho original em nota de rodapé?

Não existe nenhuma regra que obrigue isso.

Costumo dizer que depende muito do tipo de texto com o qual você está trabalhando.

As pessoas geralmente colocam em nota quando há algum sentido no original que se perde durante a tradução. Dessa forma, acaba indo dos dois jeitos para o trabalho, tanto a original, quanto a tradução.

Vai alguma sinalização de tradução na referência?

Nesse caso não, porque estamos falando de um documento que está inteiro em outro idioma, do qual você pegou apenas uma partezinha e traduziu para inserir no seu trabalho e facilitar a leitura.

A referência você faz normal, seguindo o que a norma manda para cada tipo de documento (livro, artigo, etc.)

Aprenda a aplicar as normas da ABNT nos seus trabalhos acadêmicos de uma forma simples e didática, com linguagem acessível e exemplos da vida real.

Conheça o ABNT Descomplicada! Clique aqui ➝

Alterações na nova ABNT NBR 6028 de resumos

A versão anterior da norma 6028, de resumos, era de novembro de 2003. A nova edição, publicada em 18 de maio de 2021, não alterou só a data, mas também o título do documento:

Enquanto a versão anterior se chamava “Informação e documentação – Resumo – Apresentação”, a nova versão tem algumas palavrinhas a mais e ficou “Informação e documentação – Resumo, resenha e recensão – Apresentação”.

Em questão de tamanho, a nova versão possui 5 páginas a mais. Mas não se assuste: o que ampliou esse tamanho foi principalmente a diagramação diferenciada, inclusive com a inclusão de um sumário.

Foram incluídas duas novas definições no documento:

Recensão: análise crítica, descritiva e/ou comparativa, geralmente elaborada por especialista.

Resenha: análise do conteúdo de um documento, objeto, fato ou evento

A definição de resumo crítico, que era entendido como um sinônimo de resenha na versão anterior, não aparece mais, foi retirado.

Houve a substituição da palavra “deve” (exigência) por “convém” (recomendação) em vários lugares da norma:

VERSÃO DE 2003 – Devem-se evitar:

a) símbolos e contrações que não sejam de uso corrente; b) fórmulas, equações, diagramas etc., que não sejam absolutamente necessários; quando seu emprego for imprescindível, defini-los na primeira vez que aparecerem.

VERSÃO DE 2021 – Convém evitar:

a) símbolos, contrações, reduções, entre outros, que não sejam de uso corrente; b) fórmulas, equações, diagramas, entre outros, que não sejam absolutamente necessários, e, quando seu emprego for imprescindível, defini-los na primeira vez que aparecerem.

Agora nessa nova versão também temos uma separação com um item principal falando apenas de resumo, e outro item principal falando de resenha e recensão.

Resumo:

Continua a obrigatoriedade de apresentar as informações de forma concisa, em parágrafo único e sem enumeração de tópicos.

O uso do verbo em terceira pessoa virou uma recomendação (substituição da palavra “deve” por “convém”).

Quando o resumo estiver inserido no próprio documento (em teses e dissertações, por exemplo), é opcional colocar a referência do próprio documento antes dele. Antes não havia essa opção.

Na norma anterior, as palavras-chave eram separadas entre si por ponto final. Agora usa-se ponto e vírgula, como no exemplo:

Palavras-chave: gestação; cuidado pré-natal; Aedes aegypti; IBGE; Brasil.

Continua não aparecendo na norma alguma recomendação de quantidade mínima ou máxima de palavras a serem utilizadas.

Em relação a extensão dos resumos, houve a mudança do “deve” para “convém”, mas as medidas continuam as mesmas:

a) 150 a 500 palavras nos trabalhos acadêmicos e relatórios técnicos e/ou científicos;
b) 100 a 250 palavras nos artigos de periódicos;
c) 50 a 100 palavras nos documentos não contemplados nas alíneas anteriores.

Resenha e recensão:

Item totalmente novo nessa versão da norma e apresenta apenas quatro tópicos:

4.2.1 Devem fornecer ao leitor uma ideia do documento ou objeto, analisando e descrevendo seus aspectos relevantes.
4.2.2 Devem ser compostas por uma sequência de frases concisas, sem enumeração de tópicos.
4.2.3 Devem ser elaboradas por outrem que não o autor do documento ou objeto.
4.2.4 Devem ser precedidas pela referência, quando forem publicadas separadamente do documento ou objeto.

Em regras gerais, a formatação gráfica tanto do resumo, quanto das resenhas e recensões devem seguir o padrão do documento onde estão inseridos.

A versão publicada essa semana já está valendo?

Sim, esta nova versão cancela automaticamente a anterior.

Porém, do ponto de vista das universidades e periódicos, ainda pode levar um tempo até que adaptem seus manuais de estilos e normativas internas, colocando as mudanças que essa atualização trouxe.

Vale ficar atento: na dúvida, faça o que a sua instituição pedir!

Aprenda a aplicar as normas da ABNT nos seus trabalhos acadêmicos de uma forma simples e didática, com linguagem acessível e exemplos da vida real.

Conheça o ABNT Descomplicada! Clique aqui ➝