Atualizações da nova norma de citações (2023)

Depois de uma longa espera, finalmente foi publicada a nova norma de citações. A versão anterior da ABNT NBR 10520 era de 2002, e portanto, já estava bastante obsoleta.

A nova versão é mais extensa, ou seja, a norma foi expandida. Isso é bem importante porque a versão anterior continha apenas 7 páginas e por conta disso haviam vários gaps.

Nesse post eu trouxe as principais alterações, que considero mais importante de vocês saberem nesse momento, e se quiserem posso ir aprofundando os detalhes em novos textos, pois não vai caber tudo aqui.

O fim da caixa alta

Uma das maiores mudanças é que agora não se usa mais caixa alta para indicar as fontes no interior de parênteses. A padronização prevê apenas a inicial maiúscula.

Versão de 2002: (SILVA, 1993)

Versão de 2023: (Silva, 1993)

A inclusão do et al.

Quem me segue há mais tempo no Instagram do Jornada Acadêmica já me viu falando várias vezes que havia uma discrepância entre normas em relação ao et al., pois ele aparecia na de referências, mas não na de citações.

Agora foi incluída uma regra especificamente para isso, dizendo que ele pode ser usado na citação mesmo que na referência constem todos os autores (caso de obras com quatro ou mais autores).

Citações diretas com página ou localização

Outra mudança que vai facilitar a vida de muita gente e é uma atualização bastante esperada, é em relação ao número de página nas citações diretas, ou seja, onde há cópia literal. A versão anterior era bastante rígida em relação a isso, o que dificultava quando a fonte vinha de algum site.

A nova versão da norma fala para acrescentar o número da página ou localização, se houver, após a data. Ou seja, temos duas mudanças aqui:

1) Não precisa ser apenas o número de página parar identificar a localização do trecho citado. Pode ser, por exemplo, a localização do Kindle, a minutagem de um filme, o artigo da lei, etc.

2) Para documentos não paginados, a norma especifica que convém que seja indicada a localização do trecho citado. No entanto, esse convém não indica obrigatoriedade. Ou seja, se tiver como identificar de onde você tirou a citação, faça! É recomendado que quanto mais específico, melhor. Mas se não tiver como, vida que segue.

Expansão do sistema numérico

Esse formato de fazer citações era tão curto dentro da versão anterior da norma (tinha somente 6 linhas de explicação), que pouca gente conhecia e quem conhecia tinha muita dificuldade de usar. Era um gap enorme.

Na nova versão ele foi expandido, foram acrescentados mais exemplos e também resolvida a questão da indicação de número de página.

Não confunda esse sistema com aquele formato de fazer a citação em nota de rodapé, ok? São coisas diferentes.

A volta dos itálicos

Aqui outra coisa que eu sempre apontava, apesar de muita gente fazer diferente: a versão de 2002 da norma de citação não previa o uso de itálicos para as expressões latinas, o que inclui o apud, o ibid, e por aí vai.

Na nova versão, publicada essa semana, isso foi padronizado. Agora vai tudo em itálico, inclusive o et al., que finalmente vai ficar no mesmo padrão que já era usado na norma de referências.

Recuo das citações diretas longas

As citações diretas longas, ou seja, quando a cópia do trecho possui mais de três linhas, precisam de um recuo em relação a margem esquerda.

Na versão anterior da norma havia a obrigação do tamanho desse recuo ser de 4cm.

Na versão atualizada, isso passou a ser uma recomendação, não uma obrigação.

Na prática, significa que a ABNT mantém a indicação de tamanho, porém abre precedente para que essa diagramação seja feita com tamanhos variados se for necessário.

A versão publicada essa semana já está valendo?

Sim, esta nova versão cancela automaticamente a anterior. Porém, do ponto de vista das universidades e periódicos, ainda pode levar um tempo até que adaptem seus manuais de estilos e normativas internas, pedindo as mudanças que essa atualização trouxe. Vale ficar atento: na dúvida, faça o que a sua instituição pedir!

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Como formatar seu projeto de pesquisa de acordo com a ABNT

A norma de projetos de pesquisa é a 15287, publicada em 2011. No entanto, existem outras normas da ABNT que complementam os itens que usamos em um projeto, como a de citações e referências, por exemplo.

Não sei se você sabe, mas as normas da ABNT são publicadas todas em separado, então precisamos combiná-las quando fazemos um trabalho do começo ao fim. Para os projeto nós seguimos o mesmo raciocínio e vou fazer essas indicações quando for o caso.

Vamos então a estrutura do artigo de acordo com a norma e com alguns comentários meus para explicar melhor alguns pontos.

O que está marcado com um * é elemento obrigatório.

  • Capa: acredite se quiser, em projetos de pesquisa, a capa é opcional, mas caso você coloque, as informações necessárias são: nome da instituição, autor, título, cidade e ano.
  • Folha de Rosto*: aqui você vai colocar autor, título, tipo de projeto de pesquisa e nome da entidade a quem está submetendo, nome do orientador, cidade e ano.
  • Dados curriculares: a ABNT faz apenas uma menção a isso na norma e nem coloca regras, não é exatamente uma “parte” do projeto. Para processos seletivos não é comum de ser colocado.
  • Listas de ilustrações: vai existir se houver alguma ilustração no projeto que precise ser listada. Também podem ser feitas listas específicas, como figuras, quadros, etc.
  • Lista de abreviaturas e siglas: aqui você pode listar as abreviaturas e siglas utilizadas em seu texto, com o significado delas por extenso.
  • Sumário*: apresenta as seções do trabalho de acordo com a ordem em que aparecem, indicando também os seus respectivos números de página e hierarquia dos títulos.
  • Elementos Textuais*: o que eu chamo de recheio do trabalho, é todo o conteúdo em si. No caso de projeto de pesquisa, contempla a introdução (tema, problema, hipóteses, objetivo e justificativa), referencial teórico, metodologia, recursos e cronograma. Para as citações, usar as regras da NBR 10520 (a versão atual é de 2002).
  • Referências*: o título referências vai centralizado e sem indicativo numérico. Somente aparecem aqui as referências que foram citadas no corpo do projeto. A formatação de cada referência depende de que tipo de documento é (conforme NBR 6023). O alinhamento da lista é à esquerda, as referências são separadas entre si por um espaço simples e são ordenadas alfabeticamente.
  • Apêndice: elaborado por você e colocado ao final do projeto como algo complementar.
  • Anexo: não elaborado por você. Algo de terceiros que é colocado ao final do projeto como comprovação, fundamentação ou ilustração.
  • Existe a opção de colocar um glossário e um índice ao final do projeto, mas geralmente não é utilizado. É muito raro de ser feito, pois é muito trabalhoso.

Formatação:

  • A formatação padrão para o projeto é fonte tamanho 12 e espaçamento 1,5.
  • Fontes do tipo Arial ou Times New Roman, com alinhamento justificado.
  • Recuo de primeira linha (parágrafo) varia de 1cm a 2cm.
  • Paginação inserida no canto superior direito.
  • As citações diretas longas com mais de 3 linhas, notas de rodapé, legendas das ilustrações e tabelas e paginação são feitas em tamanho menor e uniforme, geralmente fonte 10 ou 11, e com espaçamento simples.
  • Margens esquerda e superior 3cm, margens direita e inferior 2cm.

Antes de finalizar, um lembrete: se você estiver tentando um processo seletivo para mestrado ou doutorado, precisa ler o edital com atenção, pois às vezes o programa pede coisas diferentes do que é estipulado pela ABNT. Além disso, frequentemente é pedido para enviar o projeto às cegas, ou seja, você não informa o seu nome na capa e folha de rosto.

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Guia completo para o seu processo seletivo de mestrado ou doutorado

Se você está se preparando para um processo seletivo de mestrado ou doutorado, este post é para você! Nele eu trago um guia completo para te ajudar nessa etapa tão importante. Vamos lá?

O que você vai encontrar nesse post:

Como preparar o terreno

Na casa dos meus pais sempre houve um grande terreno, que eles dividiam entre gramado (para a gente poder brincar), jardim (porque minha mãe adora flores) e horta (onde se plantava de tudo, inclusive árvores).

Crescer com uma horta em casa trouxe alguns benefícios: comida fresca e sem agrotóxicos, chá para qualquer mal-estar que não possa ser curado só com beijo de mãe, frutas para comer direto do pé e o desenvolvimento da paciência, entendendo que há o tempo de preparar a terra, o de plantar e o de colher.

Quando comecei a trabalhar com mentorias para processos seletivos de mestrado e doutorado, intuitivamente passei a usar o “preparar o terreno” para tudo aquilo que antecede o processo seletivo em si e deixa a pessoa mais preparada para encarar não só o edital, mas quem sabe até mesmo a vida acadêmica em si.

Preparar o terreno é fazer tudo aquilo que não está escrito em nenhum lugar, mas que vai te tornar um candidato mais seguro. É entender que sem preparar a terra, adubar e colocar sementes, é muito difícil nascer plantas boas sozinhas. É um processo a médio prazo, mas que tende a trazer benefícios quando chega a época de colheita: seu processo seletivo e sua aprovação.

Preparar o terreno garante aprovação? Não, não garante. Mas com certeza te aproxima mais do resultado final.

Aqui estou falando de cursar disciplina isolada, participar de grupo de pesquisa, se inscrever em eventos, assistir bancas, estudar inglês e antecipar a prova de proficiência, fortalecer o seu currículo com publicações e outras atividades, e muitas outras coisas que podem adubar seu processo seletivo.

E por falar em disciplina isolada, ela é uma grande oportunidade de ter um primeiro contato com o programa de pós onde você quer estudar.

Vale a pena fazer disciplina isolada?

Disciplina isolada é quando cursamos uma matéria no mestrado ou no doutorado sem estarmos regularmente matriculados naquele curso. Ou seja, somos alunos especiais. Alguns programas de pós abrem vagas para essa modalidade junto com o edital normal de ingresso; outros, abrem editais específicos para as matérias com essa possibilidade.

Mas a pergunta é: vale a pena?

A meu ver, sim. Cursar disciplina isolada é uma das estratégias do que eu chamo de “preparar o terreno”. Esse será seu primeiro contato com o programa de pós que você quer cursar. Principalmente se você está há bastante tempo fora da universidade, pode ser uma boa para voltar ao ritmo de estudos. Depois, caso entre como aluno regular, você poderá validar esses créditos da disciplina que cursou.

Também é uma ótima oportunidade para fazer networking, pois pense bem, ao mesmo tempo em que você conhece o professor e os colegas, eles também vão te conhecer. Por isso, se dedique!

Por fim, mas não menos importante, cursar disciplina isolada pode te ajudar a publicar. É comum os professores pedirem um artigo como trabalho final das disciplinas. Dessa forma, você pode aproveitar para melhorar também o seu currículo.

Mapeando editais anteriores

Quando decidimos participar de um processo seletivo para mestrado ou doutorado, a primeiríssima coisa que precisa ser feita é ler o edital.

Mas Ju, ainda não saiu o edital desse ano!

É aí, meu caro leitor, que você irá buscar os editais antigos, de anos anteriores.

Você vai olhar no site do programa de pós e baixar os editais dos processos seletivos de uns três anos anteriores. Com os PDFs em mãos, você vai começar a estudar esses editais.

Por que fazemos isso? Para descobrir padrões.

É muito raro que um programa de pós mude absolutamente tudo de forma radical de um ano para o outro. É mais comum que a estrutura se mantenha, com poucas alterações em algumas etapas. Ao estudar esses editais, observe:

  • Quando geralmente o edital é publicado?
  • Quando geralmente as inscrições abrem e fecham?
  • Quais são as etapas do processo seletivo?
  • Quais documentos preciso para fazer a inscrição?
  • Há bibliografia recomendada?
  • Há prova? Se sim, o edital fala como é essa prova?
  • Pede proficiência em inglês ou outro idioma?

Quais são as etapas mais comuns em processos seletivos

As etapas mais comuns variam de acordo com a área e com o edital. Pela minha experiência, geralmente a estrutura mais cobrada é:

  • Projeto de pesquisa
  • Currículo Lattes
  • Memorial
  • Prova
  • Entrevista

Em algumas áreas pode ser pedido também as provas de associações, como por exemplo da ANPAD, ou provas de proficiência de idiomas. Você vai descobrir os detalhes do processo seletivo lendo o edital.

Alinhe seu projeto de pesquisa

Todo mundo que já fez mentoria comigo em algum momento aprendeu a fazer matriz de consistência.

Mas afinal, o que é a matriz de consistência?

É um recurso onde conseguimos verificar a consistência e a lógica entre as dimensões da nossa pesquisa. Ou seja, avaliamos se problema, objetivo geral, objetivos específicos e metodologia estão conectados e fazendo sentido, ou como eu gosto de dizer, se estão conversando entre si.

A principal vantagem é ter o esqueleto da pesquisa todo em uma mesma folha, dando uma visão global e panorâmica desses elementos e da conexão entre eles.

Na prática, é basicamente um quadro com linhas e colunas. O mínimo que você precisa colocar é problema, objetivo geral, objetivos específicos e metodologia, mas a depender do tipo de pesquisa que você está fazendo, também pode adicionar justificativa, hipótese, resultados esperados, etc. A matriz pode ser personalizada de acordo com o que você precisar.

Veja um modelo simples de matriz de consistência. Note que para cada objetivo específico há uma correspondência de etapa/metodologia ser feita para atingi-los.

Recomendo fortemente que quem está participando de algum processo seletivo para mestrado ou doutorado faça a matriz, pois isso vai ajudar a deixar o projeto mais redondinho e trazer mais clareza na hora que precisar explicar essa pesquisa para alguém.

A matriz de consistência pode ser feita também para projetos de dissertação e tese, artigos científicos e trabalhos para eventos.

Atualmente essa é sempre a primeira coisa que faço quando estou iniciando qualquer trabalho. Mas importante! Você pode e deve ir atualizando a sua matriz quando a sua pesquisa for evoluindo e assumindo rotas diferentes. Ela não precisa ser feita uma única vez e ser imutável.

O principal benefício de fazer uma matriz de consistência, a meu ver, é que ela clareia nosso pensamento, pois simplifica a forma como vemos as coisas, já que saímos daquele formato tradicional e linear que estamos acostumados ao fazer texto corrido.

Como formatar seu projeto de pesquisa de acordo com a ABNT

A norma de projetos de pesquisa é a 15287, publicada em 2011. No entanto, existem outras normas da ABNT que complementam os itens que usamos em um projeto, como a de citações e referências, por exemplo.

Não sei se você sabe, mas as normas da ABNT são publicadas todas em separado, então precisamos combiná-las quando fazemos um trabalho do começo ao fim. Para o projeto nós seguimos o mesmo raciocínio e vou fazer essas indicações quando for o caso.

Vamos então a estrutura do projeto de acordo com a norma e com alguns comentários meus para explicar melhor alguns pontos. O que está marcado com um * é elemento obrigatório.

  • Capa: acredite se quiser, em projetos de pesquisa, a capa é opcional, mas caso você coloque, as informações necessárias são: nome da instituição, autor, título, cidade e ano.
  • Folha de Rosto*: aqui você vai colocar autor, título, tipo de projeto de pesquisa e nome da entidade a quem está submetendo, nome do orientador, cidade e ano.
  • Dados curriculares: a ABNT faz apenas uma menção a isso na norma e nem coloca regras, não é exatamente uma “parte” do projeto. Para processos seletivos não é comum de ser colocado.
  • Listas de ilustrações: vai existir se houver alguma ilustração no projeto que precise ser listada. Também podem ser feitas listas específicas, como figuras, quadros, etc.
  • Lista de abreviaturas e siglas: aqui você pode listar as abreviaturas e siglas utilizadas em seu texto, com o significado delas por extenso.
  • Sumário*: apresenta as seções do trabalho de acordo com a ordem em que aparecem, indicando também os seus respectivos números de página e hierarquia dos títulos.
  • Elementos Textuais*: o que eu chamo de recheio do trabalho, é todo o conteúdo em si. No caso de projeto de pesquisa, contempla a introdução (tema, problema, hipóteses, objetivo e justificativa), referencial teórico, metodologia, recursos e cronograma. Para as citações, usar as regras da NBR 10520 (a versão atual é de 2002).
  • Referências*: o título referências vai centralizado e sem indicativo numérico. Somente aparecem aqui as referências que foram citadas no corpo do projeto. A formatação de cada referência depende de que tipo de documento é (conforme NBR 6023). O alinhamento da lista é à esquerda, as referências são separadas entre si por um espaço simples e são ordenadas alfabeticamente.
  • Apêndice: elaborado por você e colocado ao final do projeto como algo complementar.
  • Anexo: não elaborado por você. Algo de terceiros que é colocado ao final do projeto como comprovação, fundamentação ou ilustração.
  • Existe a opção de colocar um glossário e um índice ao final do projeto, mas geralmente não é utilizado. É muito raro de ser feito, pois é muito trabalhoso.

Formatação:

A formatação padrão para o projeto é fonte tamanho 12 e espaçamento 1,5.

Fontes do tipo Arial ou Times New Roman, com alinhamento justificado.

Recuo de primeira linha (parágrafo) varia de 1cm a 2cm.

Paginação inserida no canto superior direito.

As citações diretas longas com mais de 3 linhas, notas de rodapé, legendas das ilustrações e tabelas e paginação são feitas em tamanho menor e uniforme, geralmente fonte 10 ou 11, e com espaçamento simples.

Margens esquerda e superior 3cm, margens direita e inferior 2cm.

Lembrete: se você estiver tentando um processo seletivo para mestrado ou doutorado, precisa ler o edital com atenção, pois às vezes o programa pede coisas diferentes do que é estipulado pela ABNT. Além disso, frequentemente é pedido para enviar o projeto às cegas, ou seja, você não informa o seu nome na capa e folha de rosto.

Como fazer o memorial

O memorial não é pedido por todos os programas de pós e às vezes é cobrado só para vagas de doutorado, por isso muita gente tem dúvidas do que é e como fazer.

Falar sobre memorial daria uma aula inteira, mas vou tentar trazer alguns pontos práticos nesse post.

Para começar, o que é um memorial?

É um documento narrativo escrito em primeira pessoa onde você vai contar a sua trajetória acadêmica e às vezes profissional também. Ou seja, você não vai apenas listar fatos, não é um currículo. É a história por trás desses fatos, suas escolhas e experiências.

A primeira coisa que você precisa saber é quantas páginas o edital está pedindo para esse material. Alguns pedem algo bem curtinho, outros algo mais longo. Isso afeta a quantidade de coisas que podem ser colocadas e a forma como a história será contada.

Na hora de estruturar o memorial, comece primeiro listando em tópicos os fatos importantes da sua trajetória, da graduação até o momento do processo seletivo. Por exemplo:

  • Entrou na graduação
  • Fez estágio
  • Participou de um congresso nacional e apresentou trabalho
  • Fez iniciação científica
  • Etc.

Depois, vá conectando esses pontos e fazendo com que vire uma história fluída. Não é para florear, mas também não é pra escrever de forma dura como se você nem conhecesse a pessoa de quem está falando (que é você!).

Escreva como esses fatos te formaram enquanto pesquisador e profissional, que oportunidades esses momentos te apresentaram, o que você aprendeu. Relacione com o seu tema de pesquisa sempre que possível. Coloque também suas intenções ao continuar estudando, como publicar mais sobre o assunto, participar de congressos, contribuir com grupo de pesquisa, se você aspira fazer um sanduiche no exterior, ser docente, etc. Não é pra mentir, hein? Se você não quer ir para o exterior, não coloque!

Não existe um único jeito de fazer o memorial. Você pode organizar em ordem cronológica ou agrupando itens semelhantes (todas as formações, todas as publicações, etc.). O ideal é conseguir um memorial de alguém que já passou por esse processo seletivo, para você se inspirar.

  • Por fim, alguns cuidados:
  • Não reclame
  • Não fale mal de pessoas ou lugares
  • Não plagie o memorial do coleguinha que você conseguiu para usar como exemplo
  • Não minta
  • Faça “propaganda” de si mesmo, mas não exagere
  • Confira as regras do edital!

Como estudar para a prova do mestrado ou doutorado

A primeira coisa a fazer é ler bem o edital para verificar se há alguma bibliografia indicada.

Se houver, você vai atrás desses materiais. Aqui vale pesquisar na internet, ver se tem na biblioteca ou comprar em livrarias e sebos. Também é sempre útil perguntar se algum amigo tem o livro/texto para emprestar.

Caso o edital não indique bibliografia, você pode mapear nas publicações da linha de pesquisa se há algum padrão de autores, teorias, etc. Isso vai te dar um direcionamento.

Além disso, você pode conversar com quem já fez esse mesmo processo seletivo antes, para perguntar sobre a estrutura e o nível de complexidade da prova. Isso ajuda bastante a ter uma noção do que vem pela frente.

Com o material em mãos, eu recomendo que você comece primeiro pesquisando quem são esses autores. É para te dar um pouco de contexto e ser algo pontual, não pra ficar horas lendo a biografia deles, ok?

Depois você vai estudar essa bibliografia na íntegra. Separe conceitos trazidos pelos autores, marcos temporais e as ideias principais dos textos.

Aqui você também pode fazer mapas mentais, usar código de cores na hora de grifar, fazer resumos e simular a prova, construindo possíveis respostas que articulem os diferentes autores e ideias.

Caso algum texto esteja muito difícil, você pode buscar resenhas, podcasts ou vídeos que falem sobre ele, para ajudar na compreensão. Mas atenção: isso é um recurso adicional, sempre dê preferência por estudar pelo texto original!

Por fim, escreva! Se achar que já escreveu bastante, escreva mais! É uma forma de se condicionar ao tipo de coisa que você terá que fazer na prova, já que a maioria delas é dissertativa. Além disso, você treina fisicamente “a mão” para esse exercício, porque ela vai cansar, acredite em mim, em geral não estamos mais acostumadas a escrever redações manuscritas.

Lista de perguntas para sua entrevista de mestrado ou doutorado

A entrevista é uma das etapas mais importantes do processo seletivo para mestrado e doutorado. É o momento de demostrar domínio do seu projeto e tirar dúvidas da banca em relação aos seus objetivos e expectativas.

A ideia desse post é te dar um roteiro de preparação para essa fase, incluindo possíveis perguntas que os professores podem te fazer.

Se preparando

Estude o seu projeto e saiba tudo na ponta da língua. Isso inclui conseguir justificar suas escolhas e explicar pontos que talvez não tenham ficado claros na escrita.

Seja sincero ao responder as perguntas, não minta. Se não souber algo, diga que isso pode ser verificado e decidido juntamente com o orientador durante o mestrado/doutorado.

As perguntas

Não há um padrão de perguntas para entrevista de mestrado e doutorado, elas dependem muito da banca de seleção, dos projetos que estão sendo avaliados e do interesse específico dos professores nos candidatos.

Porém, é comum que algumas questões sempre apareçam. Essa lista foi construída com base nas perguntas que os seguidores do Jornada Acadêmica receberam e compartilharam comigo no Instagram. Separei as perguntas em três categorias: gerais, sobre o projeto e pessoais.

Perguntas gerais

  • Qual sua formação?
  • Você tem tempo integral para se dedicar ao mestrado/doutorado?
  • Qual sua disponibilidade de tempo?
  • Você está tentando mestrado/doutorado em outra universidade?
  • Por que você está aqui?
  • Você está fazendo mestrado para ser professor?
  • Por que você quer fazer mestrado/doutorado?
  • Você tem interesse em continuar estudando no doutorado depois do mestrado?
  • Você precisa de bolsa?
  • Se não tiver bolsa, fará mesmo assim? Como irá se manter?
  • Quais suas experiências com pesquisa?
  • Fale sobre os dois últimos artigos do seu Lattes.
  • Como está seu inglês?
  • Você tem disponibilidade para se mudar pra cidade ou vir assistir as aulas?
  • Você tem preferência por orientador?
  • Você dará conta das disciplinas de estatística e metodologia?

Perguntas sobre o projeto

  • Você aceitaria modificar o projeto se necessário?
  • Você se sente confortável em trabalhar com outro tema que não o do projeto?
  • Para que serve esse projeto? Para quem?
  • Justifique seu projeto.
  • Como seu projeto dialoga com as linhas de pesquisa do programa?
  • Como seu projeto pode contribuir com o programa?
  • Como seus referenciais vão te ajudar a responder suas perguntas?
  • Você pode explicar a metodologia do seu projeto?
  • Você tem experiência com o método de pesquisa que colocou?
  • Por que você escolheu qualitativa/quantitativa na metodologia?
  • Por que você escolheu esse objeto?
  • Qual sua motivação para essa pesquisa?
  • Como você pretende investigar isso?
  • Quais são seus referenciais teóricos?
  • Como você irá financiar a sua pesquisa?
  • Qual o potencial de inovação do seu projeto?

Perguntas pessoais

Aqui, uma observação: sei que algumas perguntas são inadequadas, mas optei por colocar porque elas existem. Elas foram feitas para alguns seguidores do Jornada Acadêmica quando estes participaram de seus processos seletivos.

  • Onde você mora?
  • Qual a sua rotina?
  • Você pretende engravidar nos próximo dois anos?
  • Seu marido está ciente?
  • Você tem filhos?
  • Qual seu estado civil?
  • Como você vai se sustentar durante o mestrado?
  • Mas você trabalha, está disposta a se dedicar somente a pesquisa?
  • Você vai conseguir conciliar trabalho com o curso?
  • Como você pretende se sustentar em outro Estado?

É interessante treinar possíveis respostas para essas perguntas, de preferência falando mesmo.

Se tiver alguém com quem possa simular a entrevista, também é uma boa ideia. Peça para a pessoa fazer perguntas “surpresa” pra você, inclusive sobre seu projeto.

No dia da entrevista, se arrume, beba água, seja pontual. Se estiver muito nervosa, tome um chá de camomila. Seja educada e agradeça no final da entrevista.

Organização para o processo seletivo

Se você vai prestar um processo seletivo para mestrado ou doutorado, é interessante que você se organize para não deixar passar nenhum detalhe.

Datas

A primeira coisa a prestar atenção são as datas. Coloque na sua agenda quais são os prazos mais importantes do edital que você está participando, como abertura e fechamento das inscrições, resultados das etapas e resultado final.

Caso o edital ainda não esteja aberto, mapeie em editais anteriores quando geralmente ele é lançado e anote essa data para monitorar.

Projeto

A grande maioria dos programas de pós pedirá um projeto. Mapeie no edital quais são as regras (quantidade de páginas, seções, formatação) e anote em separado. Assim você terá um modo rápido de consultar quando estiver construindo esse texto.

Se o edital ainda não tiver sido lançado, veja nos anteriores quais são as regras e comece a esboçar o seu projeto, assim você já vai adiantando as coisas.

Documentação

Preste atenção em quais documentos são necessários para a inscrição. Não corra os risco de não ser homologado porque faltou alguma coisa.

Já crie uma pastinha no seu computador com os documentos digitalizados e organizados. Veja se o edital pede que junte tudo em um PDF só, se for o caso já faça isso também e deixe pronto. Não deixe para última hora.

Estudos

Se você precisa fazer uma prova, divida o conteúdo que precisa estudar em partes menores.

Faça um cronograma de trás pra frente começando na data da prova e vindo até o dia atual. Distribua nesse cronograma os conteúdos que precisa estudar.

Organize também seu material de estudos, não deixe tudo espalhado. Assim a hora que você for sentar para estudar já terá tudo a mão: planejamento + material disponível.

Lattes

Não deixe para alimentar seu Lattes só no último dia. Embora não seja difícil, é um pouco trabalhoso e pode ser que a plataforma demore algumas horas para atualizar, o que vai te atrapalhar bastante se você estiver com o prazo apertado.

Isso também vai te ajudar a ver se é necessário ir atrás de algum certificado que está faltando para comprovar suas produções.

Acione o modo stalker acadêmico!

Por fim, mas não menos importante, seja um stalker acadêmico! Se você pretende prestar algum processo seletivo para mestrado e doutorado, precisa conhecer bem o programa de pós e as pessoas que atuam nele. Acionar o modo stalker acadêmico é correr atrás dessas informações. Você vai fazer o seguinte:

Explorar o site do programa, lendo todas as informações e principalmente as linhas de pesquisa.

Se você já sabe para qual linha de pesquisa vai tentar, é hora de conhecer os professores. Saiba quem são os docentes e entre no Lattes de todos eles para ver o que estão publicando, de que grupos de pesquisa fazem parte, quem orientam, em quais temas, etc.

Se você tem em mente algum professor específico com quem gostaria de trabalhar, veja no Lattes quais são as publicações mais recentes e leia. Veja também quem esse professor está orientando e entre no Lattes dos alunos para fazer uma varredura.

Caso já conheça alguém que estuda nesse programa, converse! Faça perguntas sobre como as coisas funcionam e como são as pessoas.

Quanto mais informações você tiver sobre como as coisas funcionam e como as linhas de pesquisam trabalham, mais fácil será de estudar e direcionar o seu projeto de pesquisa para esse programa de pós.

Espero que esse guia tenha sido útil para você. Boa sorte!

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Como formatar artigo científico de acordo com a ABNT

Neste post eu quis trazer um resumo das principais regras da ABNT para a formatação de artigos científicos. Lembrando que se você quiser aprofundar e aprender tudo relacionado a trabalhos acadêmicos, o meu curso ABNT Descomplicada é o lugar ideal para isso!

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A norma de artigos é a 6022, publicada em 2018. No entanto, existem outras normas da ABNT que complementam os itens que usamos em um artigo, como a de resumos, citações e referências, por exemplo.

Não sei se você sabe, mas as normas da ABNT são publicadas todas em separado, então precisamos combiná-las quando fazemos um trabalho do começo ao fim. Para os artigos nós seguimos o mesmo raciocínio e vou fazer essas indicações quando for o caso.

Vamos então a estrutura do artigo de acordo com a norma e com alguns comentários meus para explicar melhor alguns pontos. O que está marcado com um * é elemento obrigatório.

Estrutura do artigo de acordo com a ABNT:

Título no idioma do artigo*: se o artigo está português, será no nosso idioma.

Título em outro idioma: geralmente em inglês.

Autor*: é colocado na forma direta, com nome e sobrenome e em nota a vinculação institucional e contato. Atenção: se for submeter para uma revista, não coloque autor. É preciso garantir o anonimato na submissão, a não ser que o periódico indique o contrário.

Resumo no idioma do artigo*: seguindo as regras da norma de resumos (NBR 6028), são 100 a 250 palavras e abaixo colocamos 3 a 5 palavras-chave separadas entre si por ponto e vírgula.

Resumo em outro idioma: geralmente em inglês, mas algumas revistas também pedem em espanhol. Adicionar também as palavras-chave traduzidas.

Datas de submissão e aprovação do artigo*: responsabilidade da revista na hora da editoração, você não coloca nada.

Identificação e disponibilidade: também responsabilidade da revista na hora da editoração, você não coloca nada.

Parte textual*: o artigo em si, com introdução, desenvolvimento e considerações finais. Os títulos desse recheio do artigo são alinhados à esquerda e com indicativo numérico. Não usar ponto, travessão ou qualquer outro sinal entre o indicativo numérico e o título (NBR 6024). Para as citações, usar as regras da NBR 10520 (a versão atual é de 2002).

Referências*: o título referências vai centralizado e sem indicativo numérico (NBR 6024). Somente aparecem aqui as referências que foram citadas no corpo do artigo. A formatação de cada referência depende de que tipo de documento é (conforme NBR 6023). O alinhamento da lista é à esquerda, as referências são separadas entre si por um espaço simples e são ordenadas alfabeticamente.

Glossário: é uma lista de palavras técnicas usadas no texto e suas definições. Muito raro de isso aparecer em algum artigo. Eu mesma nunca vi.

Apêndice: algo elaborado por você e que complementa o artigo. É raro de aparecer, pois geralmente quando há algo a mais, é colocado no sistema da revista e depois publicado como arquivo suplementar.

Anexo: algo elaborado por terceiros e que complementa o artigo. Também é raro de aparecer, pois geralmente quando há algo a mais, é colocado no sistema da revista e depois publicado como arquivo suplementar.

Agradecimentos: aqui você pode agradecer a pessoas ou instituições que fizeram alguma contribuição relevante para a pesquisa ou a elaboração do artigo.

Financiamento: não está na norma, mas recomendo colocar em item separado dos agradecimentos. Indicar o projeto de pesquisa, agência de fomento ou tipo de bolsa recebida para condução da pesquisa. Para pesquisas financiadas de alguma forma pela CAPES, seguir o que diz a Portaria nº 206, de 4 de setembro de 2018: “O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001”

Formatação:

A formatação padrão para o artigo é fonte tamanho 12 e espaçamento simples. As citações diretas longas com mais de 3 linhas, notas de rodapé, legendas das ilustrações e tabelas e paginação são feitas em tamanho menor e uniforme, geralmente fonte 10 ou 11.

A norma indica que as configurações gráficas são responsabilidades do editor. Isso significa que você deve olhar as diretrizes para submissão da revista para a qual quer enviar o trabalho e verificar tipo de fonte, tamanho de margens e outras configurações adicionais.

Na dúvida ou ausência de direcionamentos, siga o padrão mais convencional: margens esquerda e superior 3cm, margens direita e inferior 2cm. Fontes do tipo Arial ou Times New Roman, com alinhamento justificado. Recuo de primeira linha (parágrafo) varia de 1cm a 2cm. Paginação inserida no canto superior direito.

Para finalizar, um recado importante:

Se você for submeter o seu texto para uma revista, veja o que ela está pedindo nas diretrizes para autores e siga essas indicações. Nem sempre o periódico usa ABNT, e às vezes ele usa a norma apenas para citações e referências, não para o resto da formatação.

Livros que todo estudante deveria ler

Um tempo atrás fiz uma enquete nos stories do Instagram e perguntei qual livro as pessoas achavam que todo estudante deveria ler. O que eu esperava era uma série de recomendações técnicas ou acadêmicas, talvez até metodológicas, focadas exclusivamente na escrita ou pesquisa.

O que recebi, no entanto, me surpreendeu, porque as sugestões foram super variadas, incluindo vários títulos de desenvolvimento pessoal.

Na lista abaixo você confere todas as indicações. Incluí algumas recomendações minhas.

Ao clicar nos links acima você será redirecionado para a página de cada livro na Amazon. Na sua opinião, qual livro todo estudante deveria ler, mas não está nessa lista?

Dicas para revisar seu próprio texto acadêmico

Quando estamos imersos em nossos próprios trabalhos acadêmicos, é natural que chegue um momento que precisamos parar e olhar com outros olhos para aquilo que estamos fazendo.

Mas preocupe-se em um primeiro momento a escrever, depois você edita e revisa. É sobre essa segunda fase que iremos falar hoje. Separei algumas dicas e práticas que eu mesma faço nos meus textos, espero que seja útil pra você!

  1. Verifico se tudo que foi citado está referenciado e vice versa. Deixo para fazer isso no final, quando o trabalho já está praticamente fechado.
  2. Verifico a formatação das citações, se está tudo certo, se as citações diretas estão com página, aspas ou o recuo de 4cm, no caso de citações longas.
  3. Confiro se todas as figuras, quadros, etc. estão mencionadas no texto e com a numeração correta. Aproveito para verificar se todas as fontes estão informadas e formatadas.
  4. Atualizo sumário e listas.
  5. Passo os olhos pelo trabalho para ver se não faltou nenhuma sigla por extenso/abreviada.
  6. Verifico se não há títulos sozinhos no pé de página.
  7. Leio o texto buscando repetições e palavras que tenho como vicio de linguagem (no meu caso uso muito o “então” e o “por exemplo”). Uso o dicionário de sinônimos para encontrar alternativas, quando for o caso.
  8. Quebro parágrafos muito longos em dois ou três menores. O mesmo vale para frases longas que estão com muitas vírgulas: às vezes um ponto final ali no meio vem a calhar.
  9. Procuro palavras estrangeiras que por acaso tenha ficado sem itálico.
  10. Vejo se as datas estão bem informadas: ao invés de “década de 70”, fica “década de 1970”.
  11. Vejo se há conexão entre as seções ou se elas precisam de um acabamento melhor.
  12. Verifico se o título da capa é o mesmo que aparece na folha de rosto, folha de aprovação e ficha catalográfica.
  13. Por fim, transformo o arquivo em PDF e dou mais uma olhada geral, pra ver se não passou nada em relação a escrita ou formatação.

Essas são as minhas dicas para melhorar seu texto, mas se você puder contar com o trabalho de um revisor profissional, melhor. Nosso olhar fica viciado e tende a deixar passar coisas. Além disso, um profissional dará a devida atenção a norma culta da língua, além de ajustar a coesão e coerência do seu texto.

Você tem alguma outra dica ou rotina de revisão? Coloque nos comentários!

Perguntas e respostas sobre citação traduzida

Uma citação traduzida é quando você utiliza o conteúdo de um documento que está em outro idioma que não seja o português.

De acordo com a ABNT, quando fazemos isso de forma direta, ou seja, uma cópia literal, precisamos sinalizar que fomos nós que transformamos esse conteúdo.

Este post traz perguntas e respostas sobre o assunto. Se ainda te restar alguma dúvida, coloque nos comentários que eu ajudo!

Em que casos preciso informar que a citação foi traduzida?

Apenas quando for citação direta, ou seja, cópia literal.

Isso independe se for a citação com até 3 linhas inserida no meio do texto, ou se for a citação com mais de 3 linhas que pede o recuo de 4cm da margem esquerda.

Se fiz paráfrase ou escrevi com as minhas próprias palavras, preciso informar que a informação veio de outro idioma?

Nesse caso não. Citações indiretas não precisam dessa sinalização de tradução.

Como faço corretamente a sinalização de tradução?

Você precisa colocar a informação tradução nossa após o número na página, como nos exemplos abaixo:

Becker (1999, p. 2, tradução nossa) ou (BECKER, 1999, p. 2, tradução nossa).

Preciso colocar o trecho original em nota de rodapé?

Não existe nenhuma regra que obrigue isso.

Costumo dizer que depende muito do tipo de texto com o qual você está trabalhando.

As pessoas geralmente colocam em nota quando há algum sentido no original que se perde durante a tradução. Dessa forma, acaba indo dos dois jeitos para o trabalho, tanto a original, quanto a tradução.

Vai alguma sinalização de tradução na referência?

Nesse caso não, porque estamos falando de um documento que está inteiro em outro idioma, do qual você pegou apenas uma partezinha e traduziu para inserir no seu trabalho e facilitar a leitura.

A referência você faz normal, seguindo o que a norma manda para cada tipo de documento (livro, artigo, etc.)

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Alterações na nova ABNT NBR 6028 de resumos

A versão anterior da norma 6028, de resumos, era de novembro de 2003. A nova edição, publicada em 18 de maio de 2021, não alterou só a data, mas também o título do documento:

Enquanto a versão anterior se chamava “Informação e documentação – Resumo – Apresentação”, a nova versão tem algumas palavrinhas a mais e ficou “Informação e documentação – Resumo, resenha e recensão – Apresentação”.

Em questão de tamanho, a nova versão possui 5 páginas a mais. Mas não se assuste: o que ampliou esse tamanho foi principalmente a diagramação diferenciada, inclusive com a inclusão de um sumário.

Foram incluídas duas novas definições no documento:

Recensão: análise crítica, descritiva e/ou comparativa, geralmente elaborada por especialista.

Resenha: análise do conteúdo de um documento, objeto, fato ou evento

A definição de resumo crítico, que era entendido como um sinônimo de resenha na versão anterior, não aparece mais, foi retirado.

Houve a substituição da palavra “deve” (exigência) por “convém” (recomendação) em vários lugares da norma:

VERSÃO DE 2003 – Devem-se evitar:

a) símbolos e contrações que não sejam de uso corrente; b) fórmulas, equações, diagramas etc., que não sejam absolutamente necessários; quando seu emprego for imprescindível, defini-los na primeira vez que aparecerem.

VERSÃO DE 2021 – Convém evitar:

a) símbolos, contrações, reduções, entre outros, que não sejam de uso corrente; b) fórmulas, equações, diagramas, entre outros, que não sejam absolutamente necessários, e, quando seu emprego for imprescindível, defini-los na primeira vez que aparecerem.

Agora nessa nova versão também temos uma separação com um item principal falando apenas de resumo, e outro item principal falando de resenha e recensão.

Resumo:

Continua a obrigatoriedade de apresentar as informações de forma concisa, em parágrafo único e sem enumeração de tópicos.

O uso do verbo em terceira pessoa virou uma recomendação (substituição da palavra “deve” por “convém”).

Quando o resumo estiver inserido no próprio documento (em teses e dissertações, por exemplo), é opcional colocar a referência do próprio documento antes dele. Antes não havia essa opção.

Na norma anterior, as palavras-chave eram separadas entre si por ponto final. Agora usa-se ponto e vírgula, como no exemplo:

Palavras-chave: gestação; cuidado pré-natal; Aedes aegypti; IBGE; Brasil.

Continua não aparecendo na norma alguma recomendação de quantidade mínima ou máxima de palavras a serem utilizadas.

Em relação a extensão dos resumos, houve a mudança do “deve” para “convém”, mas as medidas continuam as mesmas:

a) 150 a 500 palavras nos trabalhos acadêmicos e relatórios técnicos e/ou científicos;
b) 100 a 250 palavras nos artigos de periódicos;
c) 50 a 100 palavras nos documentos não contemplados nas alíneas anteriores.

Resenha e recensão:

Item totalmente novo nessa versão da norma e apresenta apenas quatro tópicos:

4.2.1 Devem fornecer ao leitor uma ideia do documento ou objeto, analisando e descrevendo seus aspectos relevantes.
4.2.2 Devem ser compostas por uma sequência de frases concisas, sem enumeração de tópicos.
4.2.3 Devem ser elaboradas por outrem que não o autor do documento ou objeto.
4.2.4 Devem ser precedidas pela referência, quando forem publicadas separadamente do documento ou objeto.

Em regras gerais, a formatação gráfica tanto do resumo, quanto das resenhas e recensões devem seguir o padrão do documento onde estão inseridos.

A versão publicada essa semana já está valendo?

Sim, esta nova versão cancela automaticamente a anterior.

Porém, do ponto de vista das universidades e periódicos, ainda pode levar um tempo até que adaptem seus manuais de estilos e normativas internas, colocando as mudanças que essa atualização trouxe.

Vale ficar atento: na dúvida, faça o que a sua instituição pedir!

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Dois “primeiros autores”: como citar?”

A identificação de dois ou mais autores principais, ou que todos contribuíram igualmente, tem trazido dúvidas sobre como fazer corretamente a citação desse material. Ao menos no Instagram do Jornada Acadêmica elas têm aparecido com frequência, por isso resolvi fazer esse post.

Antes de falar sobre a citação em si, precisamos entender a origem dessa dúvida. Meu palpite é que ela tem a ver com o CRediT, ou mais especificamente, como o desconhecimento de que ele existe. Vem comigo que vou te explicar melhor essa história!

Conforme a ciência avança, temos muito mais trabalhos colaborativos em andamento. Publicações em equipe se tornaram mais comuns, principalmente em determinadas áreas do conhecimento, porque a tecnologia e a internet amplificaram as possibilidades de parceria.

Fonte: Pesquisa Fapesp.

Agora pense nessa pergunta: que tipo de participação qualifica uma pessoa para receber a posição de autor em um manuscrito? A resposta é complexa, né?

Para tentar resolver a questão, foi criado o CRediT, que significa Contributor Roles Taxonomy. É uma taxonomia que lista 14 funções ou papéis que podem ser utilizados para identificar as contribuições de cada autor em uma publicação científica.

As funções atualmente listadas, em tradução livre do inglês para português, são:

  1. Conceituação
  2. Curadoria de dados
  3. Análise formal
  4. Aquisição de financiamento
  5. Investigação
  6. Metodologia
  7. Administração do projeto
  8. Recursos
  9. Software
  10. Supervisão
  11. Validação
  12. Visualização
  13. Redação – rascunho original
  14. Redação – revisão e edição

Você pode ver a descrição completa de cada papel da lista em: https://casrai.org/credit/

O CRediT chama todos esses papéis de contribuições acadêmicas, e não apenas de autoria, justamente para ampliar a identificação de pesquisadores envolvidos no estudo que não seriam reconhecidos utilizando critérios “tradicionais”. Desde que foi lançado, em 2014, o CRediT tem sido amplamente adotado por periódicos nacionais e internacionais.

De um modo geral, a taxonomia amplia a transparência das publicações científicas. Para os autores, significa obter reconhecimento e autoridade em funções ou áreas de trabalho, e até mesmo comprovar auxílios ou benefícios recebidos de agências de fomento.

Quando implantado no sistema de submissão dos periódicos, essa padronização de funções pode ajudar na integração entre plataformas (revista + DOI + ORCID, por exemplo), e permitir a análise automatizada dos diferentes papéis X pesquisadores que os ocupam, rastreando informações, contribuidores e funções. Para os editores, a disponibilização dos papéis também ajuda na resolução de casos de disputa de autoria.

Ok, Ju, entendi! E a citação?

Recapitulando: podemos ter pessoas com diferentes papéis, ou, o mais comum de aparecer principalmente nas sociais e humanas, autores que contribuíram igualmente para o artigo, e portanto, não apresentam diferenciação entre si.

O CRediT, no entanto, não fala sobre a apresentação da ordem de autoria no texto. Algumas equipes colocam os nomes em ordem alfabética, outras, atribuem pesos aos diversos integrantes da equipe. Ou seja: temos uma taxonomia de reconhecimento de diferentes papéis, mas continuamos apresentando as pessoas seguindo uma determinada ordem na primeira página do artigo. É essa ordem que impacta na citação, não a contribuição do pesquisador no estudo.

Isso porque quando estamos fazendo uma citação/referência, seguimos padrões que vem das normas bibliográficas ou documentais, como a ABNT, APA, MLA, Vancouver, Chicago, etc. São estilos de apresentação das informações que identificam um documento ou fonte que usamos em nossos trabalhos acadêmicos.

Veja que não estamos discutindo que autor é mais importante, pois mesmo que a norma que você utiliza mande citar apenas o primeiro nome, todos os autores do artigo receberão uma citação em sua publicação.

O CRediT serve para oferecer uma noção da complexa relação entre autores e suas contribuições, evidenciando os diferentes processos envolvidos na construção do artigo e transmitindo transparência a ciência. Ele ajuda na tomada de decisão sobre quem pode se tornar um autor de acordo com a contribuição ao estudo.

Já a citação em um padrão normativo ou outro serve para que você dê os créditos corretos ao trabalho que usou, garantindo que todos aqueles autores tenham impacto em relação ao artigo publicado, independente se para isso você mencione 1 ou 52 pessoas (depende da norma!).

Veja alguns exemplos retirados de artigos de periódicos:

Pelo menos por enquanto, o CediT segue tendo uma função, e as normas de citação e referência outra. No final das contas, são complementares.

Talvez daqui um tempo tenhamos uma integração entre todas essas coisas, mas por enquanto, sua preocupação deve seguir sendo mencionar a fonte de todos os estudos que utilizar, usando a norma mais comum na sua área ou a que o periódico/instituição pedir, e, para as suas próprias publicações, pensar em informar as contribuições de cada autor dentro dessa iniciativa internacional, contribuindo assim para uma ciência mais aberta e transparente.

Para saber mais:

doi: 10.1038/508312a
doi: 10.1087/20150211
doi: 10.1038/d41586-019-02084-8

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Dicas para apresentar trabalhos em eventos

Antes do evento

Crie um roteiro: antes mesmo de fazer os slides, caso você vá utilizar, crie um roteiro dos principais tópicos que irá apresentar e organize a sequência das ideias. Você pode utilizar papel e caneta para isso.

Slides: confira se o evento possui um template de que deve ser utilizado. Lembre de inserir somente o texto necessário para apoiar sua fala. Se puder colocar imagens e gráficos que exemplificam de forma visual seus dados, melhor.

Treine: ensaie sua fala com base no roteiro que você escreveu e nos slides (ou pôster) já prontos. Fale em pé, simule o ambiente e o tempo do evento. Treine para NÃO LER os slides no dia da apresentação! Eles são somente seu apoio e uma síntese da sua fala para o público acompanhar.

Prepare-se para perguntas: veja quais pontos do seu trabalho podem levantar questionamentos e se prepare de antemão com respostas adequadas.

Backups: salve os arquivos que irá utilizar em 2 ou 3 formatos diferentes (ppt e pdf, por exemplo) e tenha sempre um backup: pendrive, email, dropbox, etc.

Durante o evento

Chegue com antecedência: tenha tranquilidade para achar o local, testar sua apresentação e se acomodar.

Vista-se com roupa confortável: utilize uma roupa que te deixe a vontade. Veja também se o evento possui algum dresscode que deva ser respeitado (mais social, por exemplo).

Leve água: não espere a coordenação do evento fornecer, garanta sua própria água. Além de te manter hidratado, você pode beber água para fazer pequenas pausas antes de responder perguntas, por exemplo, caso precise de alguns minutos para pensar.

Não interrompa as perguntas: deixe que a pessoa termine a pergunta antes de responder, tome notas se for necessário para auxiliar a resposta. Caso não saiba responder na hora, diga que irá procurar uma solução e dará um retorno depois e que está disponível para continuar conversando sobre o assunto no intervalo.

Coloque-se à disposição para conversar depois da apresentação ou responder eventuais dúvidas por email: nem sempre dá tempo de todas as colocações serem feitas após a apresentação. Coloque-se à disposição para continuar conversando, isso pode render boas parcerias no futuro.